domingo, 8 de fevereiro de 2015

Autocobrança: qual a razão para exigir tanto de si mesmo?

Pessoas muito exigentes perdem facilmente o limite entre o que fazem e o que dão conta de fazer. Exigem tanto de si que perdem a noção entre o desejo de realizar e a autocobrança. São aqueles que vivem pressionados pelo “eu deveria…” “Deveria ter ligado para fulano”, “deveria ter acompanhado minha mãe no tratamento”, “deveria estar mais perto de sicrano.”
Os exigentes são valorosos em honestidade, comprometimento, dedicação e responsabilidade. Os princípios que os impulsionam são saudáveis e úteis, entretanto, quando excedem na aplicação desses princípios penetram o campo mental sombrio do conflito exaustivo, diante do tanto que fazem em contraste com o tanto que gostariam de ter feito.
Por conta desse contraste estão sempre com a sensação de que fizeram pouco ou tiveram baixo rendimento, tornando-se muito irritados com a sobrecarga que não reconhecem e controladores inveterados que acreditam na sua capacidade para atingir objetivos impossíveis.
Por trás desse comportamento de autocobrança existem programações mentais que funcionam baseados em crenças limitantes do tipo “para ser reconhecido, tenho que dar conta de tudo”, “para ser amado necessito fazer tudo que tenho que fazer”, “se eu não conseguir tal desempenho, não serei amado” ou “se eu não tiver um bom resultado serei rejeitado”. São crenças perfeccionistas, motivadas pela necessidade neurótica de perfeição como caminho para uma autorealização ilusória.
Com isso o autocobrador ultrapassa seus próprios limites sem perceber, perdendo uma grande dose de energia astral e mental, que vai leva-lo ao estado de estresse e muita desvitalização. Ele é seu próprio sugador, seu próprio obsessor.
Essa necessidade compulsiva pela perfeição esconde uma dificuldade de aceitar algo em você. Quase sempre é uma questão relativa a baixa autoestima. É tão complexo o assunto que algumas pessoas, por exemplo, não aceitam se sentirem imperfeitas, frágeis ou falíveis… O pior disso tudo é que essa compulsão lhes subtrai a possiblidade de valorizar e se alegrar com a melhora e as conquistas reais que já fizeram, sentindo necessidade de fazer mais e mais em busca de um estado íntimo de gratificação que nunca acontece.
Fazendo as pazes com essa limitação você “pega leve” com a vida e consigo mesmo. Elimina a rigidez de sua vida ou a utiliza adequadamente. Percebe que não precisa e nem quer viver como um inimigo de sua própria alma. O remédio para isso é identificar qual a crença que está orientando esse tipo de comportamento e reenquadrá-lo em novas perspectivas de amorosidade a si mesmo.
Além disso, é importante Investigar também quais modelos de viver você herdou e que não atendem suas particularidades e seus talentos.
Um dos caminhos práticos, depois de examinadas as causas mais profundas da auto exigência descabida, é começar a exercitar a substituição dos “deveria” por “eu quero”. Encerrar os ciclos dos “deveria isso ou aquilo” e começar a perguntar e priorizar “será que eu quero?”, “quero fazer isso?”, “o que eu quero?”.
A vida é para ser vivida de forma leve. Mais importante que a força e a rigidez é a direção que você imprime aos seus esforços. Ninguém nasceu para carregar o mundo nas costas…

Por Wanderley Oliviera|04 fevereiro, 2015

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