quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Descoberta de papiro levanta questionamento sobre o status conjugal de Jesus


Fragmento de texto do século II fala em "mulher de Jesus"

Um papiro é a primeira evidência de que os cristãos já acreditaram que Jesus foi casado, segundo um estudo da Harvard Divinity School. A descoberta foi anunciada em um congresso no Institutum Patristicum Augustinianum (do Vaticano) em Roma.
"A tradição cristã afirma que Jesus não foi casado, apesar de não haver nenhuma evidência histórica confiável para suportar essa afirmação", diz Karen King, de Harvard. "Este novo texto não prova que Jesus foi casado, mas nos conta que a questão como um todo apenas veio de um vociferador debate sobre sexualidade e casamento. Os cristãos discordavam sobre se era melhor ou não casar, mas isso foi um século depois da morte de Jesus, depois eles apelaram para o estado conjugal de Jesus para suportar suas posições."
Roger Bagnall, diretor do Instituto de Estudo do Mundo Antigo, em Nova York, acredita que o fragmento seja autêntico, baseado em exames do papiro e da caligrafia. Outros especialistas também acreditam na autenticidade baseados em outros dados, como linguagem e gramática, segundo nota de Harvard desta terça-feira. O objeto ainda vai passar por mais testes, especialmente da composição química da tinta.
Um dos lados do fragmento tem oito linhas incompletas de texto, enquanto o outro está muito danificado e apenas três palavras e algumas letras podem ser vistas - inclusive com infravermelho e processamento da imagem em computador. Karen afirma que o pequeno texto fala sobre assuntos como família, disciplina e casamento dos antigos cristãos.
A pesquisadora e a colega AnneMarie Luijendijk, professora de religião em Princeton, acreditam que o fragmento faça parte de um evangelho desconhecido. Um artigo com resultados do estudo do objeto será publicado em janeiro de 2013 no jornal Harvard Theological Review.
O fragmento faz parte de uma coleção particular cujo dono procurou a pesquisadora para que ela traduzisse o texto. Ele deu a Karen uma carta dos anos 80 do professor Gerhard Fecht, da Universidade Livre de Berlim, na qual ele afirmava acreditar que era uma evidência de um possível casamento de Jesus.
A professora de Harvard disse não acreditar em um primeiro momento (em 2010) que fosse autêntico e disse ao dono que não tinha interesse na análise. Contudo, ele persistiu no contato e, em dezembro de 2011, ela o convidou a levar o objeto a Harvard. Em 2012, ela e Luijendijk levaram o papiro a Bagnall que analisou e disse ser possivelmente autêntico.
Pouco se sabe de sua origem, mas acredita-se ser do Egito, já que está escrito em cóptico - usado pelos cristãos egípcios durante o império romano. Como há texto dos dois lados, os pesquisadores acreditam que faça parte de um livro, ou códex.
Para motivos de referência, o evangelho do qual supostamente faria parte foi chamado de "Evangelho da Mulher de Jesus". A pesquisadora acredita que ele seja da segunda metade do século II, já que outros evangelhos descobertos recentemente são dessa época. A origem, como dos outros, certamente está atribuída a alguém próximo a Jesus, mas o verdadeiro autor deve ser desconhecido. Eles acreditam ainda que foi escrito originalmente em grego e depois traduzido.
No texto, os cristãos falam de si como uma família, com Deus como pai, seu filho Jesus e membros como irmãos e irmãs. Duas vezes no fragmento, Jesus fala de sua mãe e de sua mulher - sendo que uma das duas ele chama de Maria. Os discípulos discutem se Maria é digna, e Jesus diz que "ela pode ser minha discípula".
Segundo Karen, somente por volta do ano 200 é que foi afirmado, em texto registrado por Clemente de Alexandria, que Jesus não se casou. Na época havia uma discussão se os cristãos deveriam se casar ou viver no celibato. Segundo Clemente, cristãos da época afirmavam que o casamento fora instituído pelo demônio. A pesquisadora afirma que Tertuliano de Cartago, uma ou duas décadas depois, foi quem declarou que Jesus não havia se casado. Ele, contudo, não condenava o casamento - desde que ocorresse apenas uma vez, mesmo em caso de morte de um dos cônjuges.
No final, afirma Karen, a visão dominadora foi a de que o celibato é a mais alta forma de virtude sexual do cristianismo, enquanto permite o casamento, mas apenas para a reprodução. "A descoberta desse novo evangelho oferece uma ocasião para repensar o que achávamos saber ao questionar qual foi o papel que o status conjugal de Jesus teve historicamente nas controvérsias dos cristãos antigos sobre casamento, celibato e família. A tradição preservou apenas aquelas vozes que clamavam que Jesus nunca se casou. O 'Evangelho da Mulher de Jesus' agora mostra que alguns cristãos pensavam de outra forma."

Texto extraído de www.jb.com.br/cultura/noticias/2012/09/18/fragmento-de-texto-do-seculo-ii-fala-em-mulher-de-jesus/

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Salve Oni beijada!

Erês, Crianças, Ibejada, Dois-Dois, são Guias ou entidades de caráter infantil que incorporam na Umbanda.
Os erês são entidades puras e que nos ajudam de forma única e especialmente doce. Os filhos de Ogum, como também são conhecidos, tem a presença mais alegre da Umbanda, trazendo sempre renovações e esperança, reforçando a natureza pura e ingênua dos seres humanos. É a linha que mais cativa as pessoas, pelo ar inocente que traz na face do médium. Por sua natureza pura e pelos patronos a linha de Cosme e Damião também traz a cura para os males do corpo e do espírito, além de darem proteção e benção extra as crianças. Sua energia é transbordante de vitalidade e alegria, sendo capaz de derramar as maiores bênçãos de harmonia cotidiana.
A festa de São Cosme, Damião e Doun, tem duração de um mês, iniciando a 27 de setembro (Cosme e Damião) e terminando a 25 de outubro (Crispim e Crispiniano).
Nos Terreiros de Um­banda, a festa é muito bonita, há distribuição de balas, doces e guaraná para as crianças, os médiuns incorporam as crianças espirituais com a exteriorização atitudes infantis como o apego a brinquedos, bonecas, chupetas, carrinhos e bolas. Mas infelizmente e erroneamente, muitos interpretam a "gira de criança" como uma diversão, afinal normalmente elas são realizadas somente em dias festivos como também, muitas vezes não consigamos conter os risos diante das palavras e atitudes das queridas crianças, momentos únicos de alegria e descontração que os Guias Espirituais, as crianças, aproveitam para nos curar de nossas amarguras. Ainda há muita deturpação com relação às falanges de crianças na Umbanda, onde acredita-se que são espíritos de crianças que morreram prematuramente, o que na verdade, as "crianças" são espíritos elevadíssimos que trabalham na falange de Yori e "simplesmente" se adaptam suas formas espirituais às formas astrais de crianças, assim de forma doce, ingênua e com muita alegria esses Espíritos de Luz conseguem nos envolver intimamente e desagregar energias densas enraizadas em nosso campo aurico que nos deixa cada vez mais doente de corpo e de alma.
No dia 27 de setembro, dê uma pausa para a reflexão. Seu comportamento tem sido como das crianças espirituais da Umbanda? Você tem sido alegre, bem humorado e puro de coração? Ou pelo menos exercita o aprimoramento de viver sempre com alegria e esperança? Reflita sobre a sua missão.
Nesse dia especial, faça uma promessa para si mesmo; seu lado infantil e puro não deve morrer! Deve renascer em bondade, amor por todos os seres e gratidão pela vida. Se for a uma festa de Cosme e Damião no terreiro de Umbanda, leve para casa, além dos doces e bolos, o exemplo de alegria e pureza da sublime falange de Yori!
Salve as Crianças! Salve os Erês! Salve Cosme e Damião! Salve Oni beijada!

A MAGIA DA CRIANÇA
O elemento e força da natureza correspondente a Ibeji são "TODOS", pois ele poderá, de acordo com a necessidade, utilizar qualquer dos elementos. Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados nos próprios Orixás que os regem.Estas entidades são a verdadeira expressão da alegria e da honestidade, dessa forma, apesar da aparência frágil, são verdadeiros magos e conseguem atingir o seu objetivo com uma força imensa.
Atuam em qualquer tipo de trabalho, mas, são mais procurados para os casos de família e gravidez. A linha das Crianças é uma das poucas falanges que consegue dominar a magia. Embora as crianças brinquem, dancem e cantem, exigem respeito para o seu trabalho, pois atrás dessa vibração infantil, se escondem espíritos de extraordinários conhecimentos. Imaginem uma criança com menos de sete anos possuir a experiência e a vivência de um homem velho e ainda gozar a imunidade própria dos inocentes. A entidade conhecida na umbanda por erê é assim. Faz tipo de criança, pedindo como material de trabalho chupetas, bonecas, bolinhas de gude, doces, balas e as famosas águas de bolinhas -o refrigerante e trata a todos como tio e vô. Os erês são, via de regra, responsáveis pela limpeza espiritual do terreiro.
As preces dirigidas às "Crianças da Umbanda", são prontamente atendidas, afinal, são dotadas de intenso poder mágico e vibração que só espíritos de grande luz possuem.
Uma curiosidade: Cosme e Da­mião foram os primeiros santos a terem uma igreja no Brasil. Ela foi cons­truída em Igarassu, Pernam­buco, e ainda existe.

Texto extraído do Jornal de Umbanda Carismática de 2007 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MONÓLOGO: FILHOS DE NANÃ


Gabriel: Que falta você me faz... Não acredito que já passou um ano e que não tenho mais você ao meu lado... Desculpe-me estar lamentando nesse momento pra vocês sem ao menos, apresentar-me.

Meu nome é Gabriel. Sei que ficaram sem entender, mas é que... Hoje faz um ano do desencarne de minha avó. Não sei se foi ou é assim com vocês, mas ela era aquela pessoa que eu considerava meu anjo na Terra.

Lembro-me de cada detalhe, de cada traço, de sua voz firme a me aconselhar.
Acho que consigo descrevê-la como se estivesse em minha frente: bem velhinha, cabelos brancos, rugas marcando seu rosto e calos nas mãos. Sábia, forte, amável, preocupada, carinhosa como ninguém e muitas vezes me sufocava de tanta preocupação. Vocês sabem como é aquele jeito especial de vó...

Sempre foi uma mulher séria, ela não ria de quase nada. Diz minha mãe que foi por causa de todo seu sofrimento durante a estrada da vida. É queria poder lembrar apenas das coisas boas... Não agüentava ver minha vó sendo humilhada enquanto trabalhava. Sempre foi uma mulher tão boa, não deveria ser tratada assim só porque era pobre!

Minha mãe, minha senhora... Ensina a essas pessoas que existe o amor, que todos somos filhos da mesma terra, vivemos todos da mesma água. Entendem? As sementes são do mesmo fruto... Lembranças, lembranças! Ainda me recordo de quando a ouvia falar todas as noites em suas preces...

Pedia que ajudasse aos vizinhos que passavam por necessidades e pedia que seu patrão - aquele que a tratava tão mal - fosse feliz dentro de sua casa.

Eu me perguntava como ela podia pedir tantas coisas pra gente e não pedia nem um centavo para si mesmo passando por tantas dificuldades!

Minha senhora, proteja-a aonde quer que ela esteja e que, com sua ajuda, consiga encontrar o caminho da luz de nosso Pai Oxalá. Cuida desta tua filha que amparou tantas pessoas enquanto era viva, que acalmava tantos corações aflitos até seus últimos momentos... E eu? Eu fico aqui... Seguindo seus passos e os ensinamentos que essa grande mulher me disse: Agir com dignidade, equilíbrio, sabedoria e justiça.

Agora? Só me resta agradecer. Mãe sagrada, mãe divina, caminha comigo para que na benção de teu abraço e sob a luz da tua guia eu nunca esteja só até o dia de minha velhice.

SALUBA NANÃ!



Texto produzido pelo jovem, LEONARDO MASCARENHAS,
participante do grupo jovem do Deptº Infanto/Juvenil da F.E.C. ,
e apresentado na gira festiva de NANÃ, em 22 de Julho de 2012.