quarta-feira, 5 de setembro de 2012

MONÓLOGO: FILHOS DE NANÃ


Gabriel: Que falta você me faz... Não acredito que já passou um ano e que não tenho mais você ao meu lado... Desculpe-me estar lamentando nesse momento pra vocês sem ao menos, apresentar-me.

Meu nome é Gabriel. Sei que ficaram sem entender, mas é que... Hoje faz um ano do desencarne de minha avó. Não sei se foi ou é assim com vocês, mas ela era aquela pessoa que eu considerava meu anjo na Terra.

Lembro-me de cada detalhe, de cada traço, de sua voz firme a me aconselhar.
Acho que consigo descrevê-la como se estivesse em minha frente: bem velhinha, cabelos brancos, rugas marcando seu rosto e calos nas mãos. Sábia, forte, amável, preocupada, carinhosa como ninguém e muitas vezes me sufocava de tanta preocupação. Vocês sabem como é aquele jeito especial de vó...

Sempre foi uma mulher séria, ela não ria de quase nada. Diz minha mãe que foi por causa de todo seu sofrimento durante a estrada da vida. É queria poder lembrar apenas das coisas boas... Não agüentava ver minha vó sendo humilhada enquanto trabalhava. Sempre foi uma mulher tão boa, não deveria ser tratada assim só porque era pobre!

Minha mãe, minha senhora... Ensina a essas pessoas que existe o amor, que todos somos filhos da mesma terra, vivemos todos da mesma água. Entendem? As sementes são do mesmo fruto... Lembranças, lembranças! Ainda me recordo de quando a ouvia falar todas as noites em suas preces...

Pedia que ajudasse aos vizinhos que passavam por necessidades e pedia que seu patrão - aquele que a tratava tão mal - fosse feliz dentro de sua casa.

Eu me perguntava como ela podia pedir tantas coisas pra gente e não pedia nem um centavo para si mesmo passando por tantas dificuldades!

Minha senhora, proteja-a aonde quer que ela esteja e que, com sua ajuda, consiga encontrar o caminho da luz de nosso Pai Oxalá. Cuida desta tua filha que amparou tantas pessoas enquanto era viva, que acalmava tantos corações aflitos até seus últimos momentos... E eu? Eu fico aqui... Seguindo seus passos e os ensinamentos que essa grande mulher me disse: Agir com dignidade, equilíbrio, sabedoria e justiça.

Agora? Só me resta agradecer. Mãe sagrada, mãe divina, caminha comigo para que na benção de teu abraço e sob a luz da tua guia eu nunca esteja só até o dia de minha velhice.

SALUBA NANÃ!



Texto produzido pelo jovem, LEONARDO MASCARENHAS,
participante do grupo jovem do Deptº Infanto/Juvenil da F.E.C. ,
e apresentado na gira festiva de NANÃ, em 22 de Julho de 2012.

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