segunda-feira, 22 de abril de 2013

23 de Abril - Salve Ogum! Salve São Jorge!


Sempre vigilante, aplicando a Lei Divina com rigidez e firmeza, Ogum vibra sua energia nos caminhos, nas entradas, agindo de acordo com a atitude daquele que o leva a agir.

Ogum é o Orixá da energia da atitude, vencedor de demandas, persistência, tenacidade, renascimento (no sentido de capacidade de se reerguer, pois quem tem a força e a proteção desse guerreiro pode vacilar mas jamais deixará de ser um vencedor ). 

O Orixá Ogum representa ou se manifesta através da luta pela sobrevivência e por isso está associado a defesa de todos os reinos, além de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, a conquista.

Seus guerreiros são imbatíveis no combate ao mal.
Os trabalhadores dessa linha foram normalmente guerreiros ou militares, como os legionários romanos, os cavaleiros das cruzadas, os sarracenos e muitos outros.
Comparativamente, Ogum é na Umbanda o mesmo que a polícia é para o povo. Se a situação ameaçar sair do controle ou se nos sentirmos ameaçados, ele agirá trazendo e mantendo a ordem. É o Orixá guerreiro, que faz cumprir a justiça ditada por Xangô, combate as demandas, e é um Orixá muito belicoso.
A vibração de ogum é o fogo da salvação ou da glória. É a linha das demandas da fé, das aflições, das lutas e batalhas da vida. É a divindade que, no sentido místico, protege os guerreiros.

Com São Jorge ocorre o sincretismo.

O Simbolismo de São Jorge – O Guerreiro

Todos já viram a clássica pintura do Guerreiro montado em um cavalo branco, em batalha com um dragão. Mas o que isso realmente representa? E de que forma isso pode se relacionar com cada um de nós? É uma imagem muito rica em símbolos, sua interpretação pode se aprofundar indefinidamente, e aqui vai um dos possíveis significados:

A começar por baixo, temos o dragão representando nossa ignorância e todas as dificuldades que nascem a partir daí, seja a inveja, o orgulho, a ira, o apego, enfim, todas as dificuldades que trazemos em nosso íntimo. Esse é o dragão que está sendo combatido e, um ponto importante a ser citado, é que o dragão não deve ser morto e sim dominado. Isso significa que as imperfeições são forças que não desaparecem e sim transmutam-se em outras forças como gratidão, humildade, paciência, desapego…

Depois temos o cavalo, que é a representação do nosso corpo. E o fato do cavalo ser branco, indica que aquele é um corpo puro, controlado, que já não reage instintivamente e sim é guiado por um comando superior. O cavalo é um animal de grande força, e essa força tem de ser bem direcionada, caso contrário, pode ser o seu fim.

O Cavaleiro representa nossa Alma na sua condição de essência pura e perfeita. Em última análise, é o próprio Deus. Essa Alma quando assume o controle do cavalo (nós mesmos) é capaz de superar todos os obstáculos e elevar o seu animal às condições mais sublimes da existência.

Eis um dos mistérios de São Jorge. Eis a força que fez aquele homem se levantar contra as ordens de um império em nome de uma Verdade Maior.

Eis a força que cada um de nós trás dentro de si e que aguarda pacientemente que lhe entreguemos as rédeas.

Salve São Jorge da Capadócia!
Salve Ogum e toda sua força!

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Tolerância e Bondade


Marcelo dos Santos Monteiro
Março de 2013
 
Nas relações sociais, tolerância e bondade são ideias que remetem diretamente a
uma disposição favorável ao bem viver, constituindo-se em aptidões um tanto quanto
complexas, mas desejadas por grande parte dos indivíduos. São recomendações
bastante adequadas a quem espera passos largos na caminhada da evolução.

Nesse sentido, ambos os substantivos são aplicados de forma que sejam associados
a duas das qualidades básicas esperadas do ser humano que vive de acordo com
os preceitos religiosos que rotineiramente prega. Tais qualidades, porém, são pouco
entendidas isoladamente, chegando a serem confundidas, uma com a outra, com
uma impressionante frequência. Este estudo tem o objetivo de promover um convite à
reflexão sobre o detalhe de cada uma dessas qualidades e mostrar como elas podem se
completar em qualquer tipo de interação com pessoas.

Como início desse trabalho, foi realizada pesquisa sobre o significado de cada uma
das palavras (tolerância e bondade). Os diversos resultados encontrados mostraram-se
bastante homogêneos em termos de conteúdo. Abaixo estão transcritas as definições
encontradas na enciclopédia livre Wikipédia, que retratam um bom entendimento sobre as
palavras.

Tolerância

A tolerância, do latim tolerare (sustentar, suportar), é um termo que define o grau de
aceitação diante de um elemento contrário a uma regra moral, cultural, civil ou física.

Do ponto de vista da sociedade, a tolerância define a capacidade de uma pessoa ou
grupo social de aceitar, noutra pessoa ou grupo social, uma atitude diferente das que são
a norma no seu próprio grupo. Numa concepção moderna é também a atitude pessoal e
comunitária face a valores diferentes daqueles adotados pelo grupo de pertença original.

O conceito de tolerância se aplica em diversos domínios:
• Tolerância social: atitude de uma pessoa ou de um grupo social diante daquilo que é
diferente de seus valores morais ou de suas normas.
• Tolerância civil: discrepância entre a legislação, a sua aplicação e a impunidade.
• Tolerância segundo Locke : “parar de combater o que não se pode mudar”.
• Tolerância religiosa: atitude respeitosa e convivial diante das confissões de fé
diferentes da sua.
• Tolerância farmacológica ou medicamentosa: diminuição da responsividade a um
fármaco, ou seja, a diminuição do efeito farmacológico com a administração repetida da
substância.
• Tolerância técnica: margem de erro aceitável, ou capacidade de resistência a uma
força externa.
• Tolerância: em gestão de riscos constitui o nível de risco aceitável normalmente
definido por critérios preestabelecidos.
(Fonte: Wikipédia)

Bondade

Bondade é a qualidade correspondente a ser bom, ou seja, a qualidade de manifestar
satisfatoriamente alguma perfeição, que se pode aplicar a pessoas, coisas e situações.

Em que pese a bondade ser usada frequentemente para designar uma virtude pessoal,
quando aplicada a objetos e situações ela pode se referir apenas à perfeição de algumas
características do objeto ou situação. Por exemplo: ao afirmar que um vinho é bom, a
bondade em questão se refere apenas às qualidades de aroma e sabor.

A bondade pode significar a disposição permanente de uma pessoa em não fazer o
mal, ou de um objeto ou situação em não ser prejudicial, neste sentido tem por sinônimo
a benignidade. Neste sentido, na medicina diz-se que um tumor é benigno, embora,
concretamente, seja uma patologia.

A bondade pode significar a disposição permanente de uma pessoa em fazer o bem,
neste sentido tem por sinônimo a benevolência.
(Fonte: Wikipédia)

Em uma primeira análise, tanto a tolerância quanto a bondade podem parecer qualidades
que imprimem no homem uma certa passividade, ou seja, criam uma sensação de
enfraquecimento do caráter, uma vez que o homem excessivamente bondoso e tolerante
aparentemente deixa de defender as suas verdades e se omite na luta pelas suas
ideias, deixando que outros o conduzam pelo caminho da vida. Essa visão, porém, é
desprovida de um alcance mínimo e proporciona ao seu detentor, nada além de uma zona
de sombra nas habilidades e nos conhecimentos necessários a qualquer pessoa nas
relações humanas, podendo por vezes provocar uma inesperada e dispensável geração
de conflitos sociais.

Para melhor entendimento dessas duas virtudes, faz-se necessária uma análise prévia
de seus opostos. A maldade se contrapõe à bondade e a intolerância é o contrário da
tolerância. É possível afirmar que, entre os homens, ninguém é completamente bondoso
ou maldoso, tolerante ou intolerante. Qualquer pessoa detém uma posição intermediária
entre esses extremos, em menor ou maior grau, dependendo da evolução espiritual de
cada um. É fato que esse entendimento é resultado de um aprendizado permanente,
que não está necessariamente associado ao grau de formação escolar ou à religião do
indivíduo, uma vez que deriva de percepções pessoais e particulares independentes.

A maldade do indivíduo pode estar associada ao egocentrismo, ou seja, a uma espécie
de falta de percepção de que o outro existe e é importante. A forma mais perceptível
de egocentrismo é ao mesmo tempo a mais presente e a mais combatida nas relações
sociais, a vaidade. Assim como as qualidades citadas anteriormente, qualquer indivíduo
possui um certo grau de egocentrismo, maior ou menor, de acordo com a sua evolução.

O indivíduo egocêntrico pode avançar os limites da inconsequência na tentativa de obter
o que lhe interessa. Sob a sua ótica, a sua ação não está carregada de maldade, mas
de uma determinação, às vezes exagerada. A maldade do ato está, na verdade, na
percepção do seu oponente, que na maioria das vezes apressa-se em julgar e condenar
aquele que ousou desafiá-lo com suas ideias, aos seus olhos, infelizes. Fica muito
claro que “a vaidade de um só incomoda quando atinge a vaidade do outro”.
Nesse sentido, a maldade é muito mais um sentimento do que um fato ou uma verdade.
Dessa forma, a bondade se opõe ao egocentrismo e se configura como uma generosidade,
que só é possível quando o indivíduo desce do seu altar psicológico e entende que tão
importante quanto as suas verdades, são as do outro. Esse indivíduo respeita e admira
o outro enquanto pessoa, que, independentemente da posição social que ocupa, é tão
importante quanto ele para o todo. Esse é princípio mais básico para a criação de um
ambiente democrático.

Da mesma forma que a maldade, a bondade é um sentimento presente não naquele que
detém a qualidade, mas no que recebe seus efeitos. Via de regra, o indivíduo bondoso
não tem a capacidade de perceber a sua bondade, a menos que alguém o alerte do
fato e, ainda assim, esse indivíduo duvida do bem que fez. A característica marcante da
bondade é o desprendimento. De forma ilustrativa, pode-se dizer que a bondade é um
presente embrulhado que um indivíduo dá para outro e, quem o recebe é que abre o
embrulho e fica com o presente, que já não pertence mais a quem o deu. Pelo fato de
o mesmo ocorrer com a maldade, como regra de bem viver, convém que o embrulho,
por mais atraente que pareça, não seja aberto por quem o recebe, já que cabe a este a
decisão de ficar ou não com tal presente.

A intolerância, por sua vez, tem a sua raiz na profundidade dos conceitos de cada
indivíduo. Quanto mais preso às próprias verdades está uma pessoa, maior a sua
tendência à intolerância. O intolerante é aquele que por algum motivo perdeu ou
abandonou a capacidade de aprendizado em sua plenitude, ou seja, fechou-se a novas
ideias e estabeleceu que as suas verdades são as verdades do mundo. Normalmente
esse indivíduo desenvolve uma forte percepção sobre a maldade e não se importa
muito com a bondade, já que ela não se faz tão necessária, uma vez que suas próprias
verdades são suficientes para a sua vida. Usando a ilustração sobre o presente
embrulhado do parágrafo anterior, esse indivíduo não perde a chance de abrir o embrulho
da maldade e candidata-se a suportar o fardo de todas as maldades que entende já ter
recebido. Nesse caso, as maldades entendidas incluem as derrotas de suas ideias sejam
elas coerentes ou não.

O ser intolerante não suporta a ideia alheia, a menos que seja idêntica à sua, e jamais
permite que suas ideias sejam complementadas por outras que não as suas. Além disso,
tem o hábito de não dividir seus pensamentos, de forma que qualquer um que possa
ameaçar suas ideias com outras diferentes, seja pego sempre de surpresa e não tenha
tempo de refletir e, por consequência, contestar. Para esse indivíduo, o planejamento das
suas ações é segredo absoluto e não é compartilhado com qualquer pessoa que possa
emitir algum questionamento. Em grau extremo, o indivíduo intolerante corresponde à
figura do despotismo, que, segundo Montesquieu, é um regime onde apenas um governa,
sem leis e sem regras, e arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho.

Para se tornar tolerante, o indivíduo precisa abrir mão de certos valores, entre eles o
egocentrismo já citado. Abrir mão das próprias verdades deve ser um trabalho realizado
após uma análise muito aprofundada sobre o valor que essa atitude pode gerar, ou seja,
deve-se investigar se vale a pena abrir mão daquilo em que se acredita em razão de um
bem maior. Enquanto o intolerante deseja que todos vivam de acordo com as regras já
definidas e aceitas por ele ou pelo grupo ao qual pertença, o tolerante entende que cada
um deva viver do jeito que melhor entenda ser o correto. John Stuart Mill, um dos ícones
do estudo sobre a tolerância, na sua obra intitulada Sobre a Liberdade, escreveu: “A
humanidade terá muito a ganhar deixando que cada um viva como lhe parece bem, e não
forçando cada um a viver como parece bem aos restantes”.

Para o indivíduo tolerante, a maldade, tão sentida pelo intolerante, não existe, pois não
é um sentimento que pese nele. O entendimento do tolerante é que cada um só pode
oferecer aquilo que tem
, logo, o que é entendido como maldade pelo intolerante, não
passa, na verdade, de um dado de realidade ao tolerante. Isso, porém, não significa
que o tolerante concorde com tudo o que ouve ou aceite os fatos que lhe são impostos.
Tolerar é entender e respeitar as verdades alheias, o que só pode ser feito após um
esvaziamento da mente em relação às ideias preconcebidas. Nesse sentido, o tolerante
busca, através do diálogo, compor ideias de forma que ninguém se sinta preterido em
relação a outros. Isso só é possível se houver um entendimento de igualdade entre
os indivíduos, quaisquer que sejam as diferenças em suas posições sociais. A Jules
Lemaitre é atribuída a frase “A tolerância é a caridade da inteligência”, que reflete
claramente essa maneira de pensar. Em complemento a essa ideia, Alexander Chase
afirmou que “O cume da tolerância é mais rapidamente alcançado por aqueles que não
andam carregados de convicções”.

Para o tolerante, qualquer ocasião é uma oportunidade de aumentar seus conhecimentos.
Ouvir ideias alheias com o coração aberto, conduz a uma reflexão sobre as verdades sob
seus diversos aspectos e ângulos. Entender a visão do outro, mesmo não concordando
com ela, é sinal de respeito e carinho, além de se constituir de uma boa forma de
diversificar conceitos. Assim, tolerância não é uma concessão que um indivíduo faz
ao outro, mas um benefício que ele dá a si mesmo. Comparando com a ilustração do
presente embrulhado acima citada, a tolerância é um presente que o indivíduo dá a si
mesmo, só que desembrulhado.

A tolerância e a bondade separadas, apesar de serem virtudes extremamente importantes
ao indivíduo, seriam falíveis em seu propósito. A bondade extrema isolada levaria o
indivíduo ao sacrifício exagerado em prol do outro, deixando de discutir suas próprias
ideias e, por conseguinte, de se sentir importante enquanto membro do grupo. Ao
bondoso extremo caberia uma anulação pessoal para que o outro pudesse ter sucesso.
Já a tolerância extrema isolada, levaria o indivíduo a deixar de se preocupar com o outro.
O tolerante busca o aprendizado e essa é uma capacidade individual. Sem a bondade,
o tolerante seria um acumulador de conhecimento e não se importaria com as verdades
alheias mais do que para seu enriquecimento cultural.

Ao unirem-se a tolerância e a bondade como recomendação de conduta, o indivíduo é
estimulado a apresentar, ouvir e discutir ideias, usando o resultado dessas ações para o
bem coletivo e, consequentemente, para o bem de todas as pessoas, individualmente.
Não é a fórmula da felicidade, mas certamente faz parte do caminho.